Em toda a viagem existem descobertas, encontros e desencontros. Algumas experiëncias podem ser vividas como uma perda e outras nem tanto. Do que foi vivido enquanto perda, de minha parte, posso dizer tratar-se do sucessivo e natural desencantamento que viver evoca. Uma porçào de crenças, um tanto de esperança, parte da ilusäo e da fé perdem suas certezas! Algumas perdas näo poderào ser reconquistadas! Existem aquelas que se acreditavam perdidas e no entanto estavam là.
Nos abraços familiares, nos sorrisos amigos, na mùsica e na morabeza do povo caboverdiano, meu povo, a certeza de uma experiëncia inesquecìvel.
Viajando com crianças, como foi o meu caso, tive a oportunidade de desfrutar de um olhar àvido por aquilo que um dia também olhei com encantamento. Como nada é perfeito, mesmo com a falta de àgua ou de luz, certos momentos que na sua rotina sào penosos tornam-se verdadeiras aventuras, aonde o valor da mesma é a descoberta de que o que abunda em um paìs, escasseia em outro.
Entre as dunas das ilhas razas e a terra das ilhas rochosas escutei dizer que tudo havia mudado, que o paìs crescera e que a violéncia fizera com que seus habitantes se armassem, passando a viver em verdadeiras fortalezas de desconfiança.
Um pouco reconheço ter-me deixado contagiar pelo medo do outro, mas quando pude perdé-lo encontrei o que nào sabia existisse. Consegui escutar, deslumbrada, a història do pescador que sai ao oceano no calar da noite, sem nunca ter saìdo de sua aldeia; a luta brava da jovem màe que trabalha, estuda e cria seu filho com a força de seus braços na herculana tarefa da sobrevivëncia; aos meus ouvidos também näo passou despercebido, neste canto do mundo, o relato da senhorinha que prepara doce de calabaceira para o deleite dos afortunados, sem cobrar um tostäo; quem conseguiria esquecer o relato de uma criança que, com profunda tristeza, porém sem chorar nem pedir nada compartilha em poucas palavras a història de uma breve mas intensa vida de maus tratos? Tudo ao som da mùsica que embala marcando o compasso dessas ilhas.
Em cada uma dessas històrias pude, assim, descobrir uma força que näo tem nome e, se tentarmos nomeà-la, ela jà näo seria mais a mesma, pois näo està nas palavras e sim nas entrelinhas daquele que lë nào somente com os olhos.
Suzana Duarte Santos Mallard
Nos abraços familiares, nos sorrisos amigos, na mùsica e na morabeza do povo caboverdiano, meu povo, a certeza de uma experiëncia inesquecìvel.
Viajando com crianças, como foi o meu caso, tive a oportunidade de desfrutar de um olhar àvido por aquilo que um dia também olhei com encantamento. Como nada é perfeito, mesmo com a falta de àgua ou de luz, certos momentos que na sua rotina sào penosos tornam-se verdadeiras aventuras, aonde o valor da mesma é a descoberta de que o que abunda em um paìs, escasseia em outro.
Entre as dunas das ilhas razas e a terra das ilhas rochosas escutei dizer que tudo havia mudado, que o paìs crescera e que a violéncia fizera com que seus habitantes se armassem, passando a viver em verdadeiras fortalezas de desconfiança.
Um pouco reconheço ter-me deixado contagiar pelo medo do outro, mas quando pude perdé-lo encontrei o que nào sabia existisse. Consegui escutar, deslumbrada, a història do pescador que sai ao oceano no calar da noite, sem nunca ter saìdo de sua aldeia; a luta brava da jovem màe que trabalha, estuda e cria seu filho com a força de seus braços na herculana tarefa da sobrevivëncia; aos meus ouvidos também näo passou despercebido, neste canto do mundo, o relato da senhorinha que prepara doce de calabaceira para o deleite dos afortunados, sem cobrar um tostäo; quem conseguiria esquecer o relato de uma criança que, com profunda tristeza, porém sem chorar nem pedir nada compartilha em poucas palavras a història de uma breve mas intensa vida de maus tratos? Tudo ao som da mùsica que embala marcando o compasso dessas ilhas.
Em cada uma dessas històrias pude, assim, descobrir uma força que näo tem nome e, se tentarmos nomeà-la, ela jà näo seria mais a mesma, pois näo està nas palavras e sim nas entrelinhas daquele que lë nào somente com os olhos.
Suzana Duarte Santos Mallard