terça-feira, janeiro 10, 2012

O turismo sustentável pode irradicar a pobreza em Cabo Verde?

No ano de 2000 as Nações Unidas(NU) identificou a pobreza como um dos maiores desafios mundiais e fixou como um dos objectivos do desenvolvimento do milénio a erradicação da pobreza extrema, acabando com a fome e a miséria no mundo. A Organização Mundial do Turismo (OMT), respondeu a esse apelo das NU e lançou o programa ST-EP em 2004, com o objectivo principal de apoiar projectos de desenvolvimento sustentável, provando que através da implementação do turismo sustentável é possível aliviar a pobreza e melhorar a qualidade de vida das populações locais que recebem os turistas. O turismo, é hoje, um fenómeno sócio-económico, provocando impactos positivos e negativos nas zonas que acolhe os turistas. Entre os aspectos positivos do turismo destacamos a criação de emprego tanto directo como indirecto, a geração de renda, especialmente, em países pobres e em desenvolvimento. É importante notar que a força do turismo tem maior impacto na economia dos países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos. Perante o contexto internacional poderemos constatar que o sector do turismo foi um do menos afectado pela crise. O Governo de Cabo Verde considere a pobreza como um tema da agenda política e um discurso em que a oposição e o Governo sempre estarão de acordo, além de reunir a vantagem de favorecer a globalização da solidariedade internacional. Segundo o Recenseamento Geral da População e Habitação de 2010, estimava em Cabo Verde uma taxa de pobreza que rondava os 24% da população e uma taxa de desemprego de 10.7%. Sendo o sector turístico um dos principais pilares de desenvolvimento do país, a criação de um programa de turismo sustentável próximo das populações locais será capaz de reduzir a pobreza. A posição do Banco Mundial sobre o turismo e a luta contra a pobreza, é a de que, as suas acções devem se basear, essencialmente, na parceria entre o sector público e o privado, com ênfase no estímulo ao empreendedorismo e ao apoio efectivo a pequenas e micro empresas, uma vez que elas predominam no mercado do sector de turismo. Com certeza, o turismo pode ser um dos caminhos para proporcionar o alcance das metas estabelecidas pelo Governo em programas de natureza social. O segmento do ecoturismo, turismo de natureza, turismo rural, turismo cultural, talvez sejam os mais ricos em possibilidades, isso porque, além de preservar áreas ecologicamente sensíveis e patrimónios naturais, promove o turismo sustentável e a capacidade institucional para fortalecer as comunidades locais e rurais, provocando, consequentemente, a redução das desigualdades sociais. O projecto Porto Madeira, promovido pela ONG Intercultural ABIDJAN é um exemplo de empreendimentos com inserções da população local em programas de ecoturismo e turismo cultural com benefícios diversos sob os aspectos educacionais, cultural e do meio ambiente, exercendo grande impacto social e económico na localidade. Porto Madeira é uma localidade do Município de Santa Cruz, situado a cerca de 20 minutos da Cidade da Praia e a 15 minutos de Pedra Badejo, na encosta do Monte Bidela, uma das principais elevações da Ilha de Santiago. O desenvolvimento de programas, projectos e acções para impulsionar os segmentos do ecoturismo, do turismo rural, turismo activo, turismo de natureza, do turismo de eventos, de negócios e cultural, certamente resultará em efeitos multiplicadores positivos nos negócios que movimentam as redes hoteleiras e de bares e restaurantes, as empresas aéreas, rodoviárias e marítimas, as operadoras de turismo e de comércio de artesanato, com reflexos imediatos na distribuição de renda da população, contribuindo, assim, com a redução do nível de pobreza da população caboverdiana. É preciso um planeamento orientado para um turismo sustentado, assente na equidade social e respeito ao meio ambiente. Planear é um factor importante para que qualquer projecto possa atingir os seus fins. Fazer uma análise cuidada da capacidade de carga da área é fundamental para evitar a exploração desenfreada da zona e a potencial distribuição dos recursos. Planear a longo prazo dá uma noção maior dos proveitos a obter. O desenvolvimento sustentável do turismo oferece oportunidade para uma relação saudável entre o visitante e o receptor. Ludmila Fortes

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